05/08/2011

Ringue de patinagem

A sala é tão grande que os Biscoitos passaram uma hora inteira a andar de trotinete sem chocarem contra nenhum móvel..

04/08/2011

Crise existencial

O Biscoito tem andado a bulliar o Outro Biscoito. Empurra-o, puxa-lhe os calções para baixo, rouba-lhe tudo o que tenha na mão, dá-lhe estaladas de meia-noite, atira-o contra a parede e sobretudo - o que me fez saltar e pregar-lhe um valente açoite no rabo - imobiliza-o no chão e bate-lhe. Normalmente ignoro o mais possível estas demonstrações de força entre filhos, tanto porque tenho mais que fazer e ainda não há sangue à vista nem ossos partidos, tanto porque me sentei há três segundos atrás depois de uma maratona de arrumações que me deixou com contrações demasiado dolorosas para me mexer por qualquer coisa que não seja sangue à vista ou ossos partidos. Desta vez voei de mão em riste e aterrei na nádega direita do Biscoito, que se foi enfiar debaixo do edredão a chorar. Com o Outro Biscoito tratado (tinha acabado de saír do banho) e pronto para ir dormir, achei por bem encetar algum tipo de conversa com o Biscoito, do tipo conversa entre mãe e filho, para tentar perceber o que estava por trás de tanta violência. Com muitos nãos de reposta às minhas perguntas, perguntei-lhe se estava assim porque não gostava do Outro Biscoito, mas felizmente a resposta foi outro não. Foi então que o Outro Biscoito desatou a clamar o seu amor pela família toda até chegar ao "eu goto de ti" para o Biscoito, o qual não aguentou mais e veio chorar para o meu colo, onde o Outro Biscoito se apressou a choramingar também num grande abraço ao Biscoito. A choradeira durou o tempo suficiente para, entre soluços, o rapaz me conseguir explicar que estava era aborrecido de morte e cheio de saudades dos colegas da escola. Compreedi perfeitamente. Tive de lhe explicar que os coleguinhas estavam de férias com os pais deles e que voltavam a ver-se quando as aulas começassem. Expliquei-lhe também que estávamos numa casa nova, que ía para uma escola nova e que iria fazer muitos novos amigos, mas que agora a mamã estava com uma barriga muito grande e muito cansada e que não podia ir com ele a todos os sítios que ele gostava. Podíamos perfeitamente ir todos os dias ao parque para ele brincar com os outros meninos, que de certeza andavam na escola nova. Lá adormeceu agarrado ao urso (só o faz em casos extremos) e eu vim para aqui escrever isto para não me esquecer de ler sempre os meus filhos nas entrelinhas.