Apesar de já estarmos na terceira semana do ano (isso se os meus cálculos não me falham, porque ainda não comprei uma agenda nova), as surpresas continuam.
A minha grande resolução de ano novo, sussurrada debaixo do edredon logo na manhã do primeiro dia foi ser mais paciente e aceitar a minha condição de mãe-desempregada-dona-de-casa-grávida-e-que-nunca-termina-os-seus-projectos. Dito assim em voz alta, a coisa começa a ter forma e conseguimos andar para a frente.
Eu não gosto de ser dona de casa, mas também não tenho emprego e a gravidez não ajuda à situação; logo, o melhor é aproveitar estas férias forçadas da melhor maneira e mentalizar-me que também posso ser feliz assim. Posto isto, tenho aproveitado realmente ao máximo.
Já comprei roupa de grávida decente nos saldos, já fui ver a colecção
Hermitage, que deixa imenso a desejar mas com a qual já aprendi coisas novas e vontade de começara ler
A filha de Rasputine; já fui ver
A Bússula Dourada e como consequência, já descobri mais
três livros para ler; estou quase a terminar o último livro do Maurice Druon e muito indecisa entre começar pela tradução do último
Harry Potter, que eu já li no original, ou pelo primeiro das
Brumas de Avalon. Depois tenho de escolher entre visitar o MNA ou o MNAA durante a semana e decidir qual vai ser deixado para domingo. A vida é feita de escolhas difíceis...
Outra resolução de ano novo afectou directamente o Biscoito. Depois da overdose de desenhos animados durante as férias de Natal, desligámos a televisão durante a semana. É brutal, mas já se notam os seus efeitos. Nele, que se entretém sozinho a imaginar batalhas navais com piratas, baleias e leões, que já sabe mais letras do alfabeto e hoje descobriu a subtil diferença entre amarelo e cor-de-laranja. Em mim, que fiquei de repente com mais paciência para ele e até me tornei uma mestre em plasticina e origami. Só vantagens.
Agora as surpresas. O Continente comprou o Carrefour. Foi uma desilusão, confesso, porque para mim, hipermercado=Carrefour. Podia comprar coisas de marca branca e achá-las o máximo, porque vinham em francês, tipo petits pois de campagne ou moutarde a l'ancienne, não se pagava o estacionamento e até tinha quase nove euros acumulados no cartão. Agora tenho de diversificar ainda mais. Hoje fui trocar o cartão por um vale de desconto e comprar as últimas garrafas de jus miltivitamines e de compote de pommes alegée. Não gosto do Continente, é caro e reles e detesto o logótipo. Felizmente vivemos em democracia e eu posso passar-me para a concorrência sem problemas de consciência e ir mais vezes à mercearia da esquina que agora já tem leite do dia.
Outra surpresa, afinal não tenho nenhuma infecção renal assintomática, a enfermeira é que é positivamente estúpida. E ainda tem a lata de se queixar que "os paciente chegam atrasados, o que é que se há-de fazer" quando eu cheguei duas horas antes da consulta para poder ter tempo de passar por ela e de saber que só engordei um quilinho pequenino durante os desvarios gastronómicos da saison.
Ahhh, respirar fundo, que o ano é novinho em folha.