Ontem, ao ajudar o Biscoito a fazer os trabalhos de casa, deparei-me com uma pergunta que até a mim me deu que pensar e da qual eu duvidei seriamente se seria realmente adequada ao primeiro período de um 3º ano:
"_____________ é o conjunto de pontos equidistantes de um ponto central de uma superfície" e mais uns quantos palavrões que eu agora não me recordo. Mas a resposta era esfera, sim, não era círculo, era esfera.
Depois de puxar um bocado pelos neurónios, perguntei-lhe - Sabes o que é uma recta? Claro, era um traço, uma coisa assim, e desenhou um risco no papel.
Perguntei-lhe se sabia que uma recta era um conjunto de pontos infinitos delimitados no espaço. Rebolou os olhos em admiração.Percebi então que o grande problema eram as palavras. "Conjunto de pontos" e "equidistantes" era algo que ele não compreendia.
Expliquei- lhe o significado de equidistante, mas vi que o miúdo estava com alguma dificuldade em compreender a noção de ponto.
Agora estou a (re)ler as noções básicas de geometria euclediana para lhe fazer perceber que um ponto é, e segundo a Wikipédia, " uma noção primitiva pela qual outros conceitos são definidos.Um ponto determina uma posição no espaço. Na Geometria, pontos não possuem volume, área, comprimento ou qualquer dimensão semelhante. Assim, um ponto é um objeto de dimensão 0 (zero). Um ponto também pode ser definido como uma esfera de diâmetro zero."
Acho que vamos ter aqui uma mini-viagem psicadélica a outra dimensão. A banda sonora vai ser Doors.
Agora muito a sério. Estive há pouco a conversar com um professor de matemática, que me garantiu que as metas curriculares deste ano a matemática são completamente irracionais. Ao que parece, está mesmo escrito numa directiva qualquer que o que é necessário, é que a criança saiba o conceito de cor, independentemente de o compreender ou não. Presume-se que o que é necessário é o brilharete no exame final para esfregar na tromba dos senhores que regulam as directivas europeias da educação como afinal somos iguais aos suecos e aos dinamarqueses.
Não se percebe. Não percebo. Infelizmente, o meu filho também não.
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