Mal pensado, ou sonhado sem pensar,
Vejo os meus dias nulos decorrer,
E o cansaço de nada me aumentar.
Perdura, sim, como uma mocidade
Que a si mesma se sobrevive, a esperança,
Mas a mesma esperança o tédio invade,
E a mesma falsa mocidade cansa.
Tênue passar das horas sem proveito,
Leve correr dos dias sem ação,
Como a quem com saúde jaz no leito
Ou quem sempre se atrasa sem razão.
Vadio sem andar, meu ser inerte Contempla-me, que esqueço de querer,
E a tarde exterior seu tédio verte
Sobre quem nada fez e nada quere.
Inútil vida, posta a um canto e ida
Sem que alguém nela fosse, nau sem mar,
Obra solentemente por ser lida,
Ah, deixem-se sonhar sem esperar!
2 comentários:
Só agora reparei que podemos fazer comentários.
Adoro ler este seu blog.
Fiquei feliz quando o boscoito 2 nasceu. Fiquei triste quando a avó morreu.
Tudo muito bem escrito e uma vida um tanto ou quanto parecida com a minha.
Eu tenho um biscoito e uma bolacha.
E às vezes também viajo mas nem sempre só em pensamento!
Feliz natal, Ana, obrigada pelas tuas amáveis palavras. Um grande abraço para ti e para os teus doces.
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