25/05/2012

Velharias

Todos sabemos que para preservar a sanidade mental de cada um, é necessário algo que nos dê prazer e que possamos fazer sozinhos em alturas de stress, só para descomprimir, ganhar forças e enfrentar o dia a dia de cara alegre. Como já não fumo e raramente bebo gin tónico (entre gravidezes e amamentações, calculo que o último tenha sido algures no verão de 2004...) e qualquer tempo livre que tenha é utilizado para cozinhar/ir ao supermercado/passear o cão/cortar as unhas/fazer a depilação/arranjar as sobrancelhas etc, coisas que de agradável narcisismo têm muito pouco, gosto muito de ir à cata de velharias. Seja online, feiras ou lojas de toda a espécie, se tiverem um pote ou uma cadeira à vista (no caso das lojas), seja a palavra velharias (online) eu entro. Já atravessei uma aldeia inteira com dois filhos ao colo para ir espreitar dentro da casa com o lavatório de porcelana à porta. Já fiz desvios de trinta quilómetros para visitar um antiquário de que ouvira falar. Já comprei coisas que me pareceram boas na altura e que hoje me fazem pensar onde teria eu a cabeça para gastar dinheiro naquilo. Também já comprei coisas que por um preço irrisório se tornaram bens indispensáveis no dia a dia ou outras que afinal foram como a sorte grande. Pois hoje, esmerei-me. Depois de um ano de calmaria, o furacão aterrou em cheio nos leilões. Por furacão entenda-se dinheiro na conta e boas peças na praça. Comprei finalmente uma secretária estilo ingês e um espelho dourado estilo francês, dois ítems fetiche desde sempre, entre outras peças decorativas. Consegui aguentar-me e não comprar as duas camas D.Maria nem o espelho talha dourada de metro e meio por não ter onde os pôr. E assim estourei boa parte do meu pé-de-meia, de tal forma que estou a escrever isto em jeito de catarse, não vá o coração não aguentar o preço dos martelos mais o iva. As janelas novas podem estar cada vez mais longe, mas caramba, o recheio está cada vez melhor.

23/05/2012

Primeiro banho de sol do ano e da vida

Enchi-me de coragem e em vez de ir passear o cão ao jardim fui passear o filho à praia.
E o miúdo adorou a areia e o sol e a àgua fria e comia areia às mão-cheias e berrava cada vez que me levantava para endireitar as costa e a onda descia e ficava com os pés a patinhar em seco.
Adormeceu que nem um anjninho durante a meia hora possível, mas um tipo musculado e cheio de tatuagens resolveu berrar para os outros dois amigos musculados e cheios de tatuagens mesmo por trás de nós e acabou-se-me o sossego.
Que bom que foi estender-me meia hora ao sol. A minha depressão agradeceu e o bebé dorme (des)cansado.
Agora vou deitar-me no sofá mais confortável do mundo a ver televisão e tentar apagar da memória a cabeça do Jude Law a rachar sob o impacto de um remo.

01/05/2012

1º de Maio

Dia do trabalhador, da Primavera e de Beltane, dia de São José.
Dia do trabalhador porque em 1886, em Chicago, uns quantos operários e sindicalistas resolveram manifestar-se pelo dia de trabalho de oito horas e foram chacinados pelas forças policiais.
Dia de Beltane, celebra o início do tempo de verão, da fecundidade da Terra no norte da Europa, Irlanda e Escócia desde tempos imemoriais. Marca o meio céu entre o equinócio da Primavera e o solstício de Verão.
Dia de São José, marido de Maria mãe de Jesus, o carpinteiro.
Um só dia para tantas festas. Ainda bem que é feriado.