24/06/2009

Darth Vader


Exposição Star Wars no Museu da Electricidade.
Adorou o Darth Vader e o Chewbacca.


O Biscoito anda há mais de uma semana com t-shirts da Guerra das Estrelas. Tem várias.
Quando for grande quer ser construir pontes e ser o Darth Vader.
Estou tão orgulhosa!!!!

Queridos meus

O Biscoito confundiu uma fotografia do Agualusa com o próprio pai. "Humm, é o pai!" disse ele.
Não que o meu marido seja um Agualusa imperfeito, mas antes o próprio Agualusa o meu marido perfeito.
Explico-me: eu sonho com o Agualusa e apaixono-me por ele porque me parece a ideia que eu tenho do meu marido. As melenas onduladas do Agualusa fazem-me lembrar o cabelo do meu marido ao vento de fim das tardes de praia em Agosto; o nariz é quase idêntico; têem o mesmo timbre morno na voz suave; a mesma solidão recolhida nos olhos escuros.
Sonho acordada com ele (com o Agualusa) enquanto procuro uma factura perdida ou enquanto peço a minha bica cheia.
Imagino que o meu marido me escreve intermináveis cartas de amor e romances premiados inspirados na nossa vida em comum.
Depois, acordo ou adormeço com o meu marido ao lado e sinto-me feliz. O Agualusa não é para aqui chamado. Estes momentos de intimidade só ao casal pertencem.
Pelo meu lado, continuo a sonhar. Acho que somos felizes assim.

22/06/2009

Memórias do quotidiano



De tudo o que me acontece durante o dia, de tudo o que me passa pela cabeça e é importantíssimo durante o tempo que demora a estar resolvido, não guardo grandes memórias quando chega a noite.
Guardo, isso sim, as memórias das coisas boas que eu experimento e me enchem de alegria, memórias que se prolongam durante dias e meses e me enchem o coração de um calor feliz:
- Pegar num bebé pequenino ao colo e embalá-lo;
- O cheiro de leite do bebé pequenino;
- Passar um dia inteiro a tagarelar com uma amiga;
- Um café forte e perfumado para eu beber;
- Acordar contigo ao lado;
- Sentir o calor do fim de tarde e o cheiro a relva;
- Ouvir os gritos de alegria dos meus filhos;
- Ser atropelada por filhos e cães em abraços, risos e lambidelas.
Duram tão pouco estes fins-de-semana...

18/06/2009

Bibelots parte II


Eu tinha três bibelots dos quais sobrou um Santo António sobrevivente do cataclismo canino.
Agora tenho três bibelots sem cabeça um despertador e um par de sapatos a menos.
Daqui a pouco tenho mas é um cão a menos.

10/06/2009

Bibelots

Eu tenho três bibelots, dois deles estão numa caixa onde tenho guardados todos os objectos de recordação do meu casamento: os noivos do bolo em barro de Estremoz, o vestido, os sapatos, o aplique do cabelo, a caixa bordada de Viana onde o Biscoito levou as alianças, um lenço de namorados e um de renda, três marcadores de lugar e uma ementa.
A Sutra roeu tudo. Sobraram os lencinhos e o vestido, intactos. Tudo o resto ficou desfeito.
Desfeita fiquei eu a segurar os noivos de barro feitos de encomenda com as caras roídas e as mãos partidas. Os meus bonecos adorados, os totems de mim e do meu marido, desfeitos, vandalizados. Que heresia imensa, que falta de respeito atroz.
O Ricardo diz que não faz mal, que encomendamos outros, desta vez com os miúdos. Mas eu quero estes, são especiais. De volta a Estremoz hei-de mandar repará-los, mesmo que se note o restauro, quero-os a estes.
Eu tenho três bibelots. De toda a casa ela ecolheu precisamente aquilo que me era mais querido.
Tenho o coração em pedaços.

Para me animar, outra vez a Ana num post de segunda-feira de primeira categoria.

06/06/2009

Ai que eu desfaleço

http://ipsilon.publico.pt/livros/texto.aspx?id=233271
que ele está em todo o lado!

01/06/2009

Arranca Corações (3)


http://www.agualusa.info/

Faço minhas as palavras da Ana:
"Exijo, aos meus escritores, recato e clausura! Só assim poderei amá-los pelo que escrevem. De outra maneira, arriscam-se a ser apreciados pelo acessório. Eu explico com um exemplo concreto. O José Eduardo Agualusa esta semana deixou-se fotografar para a revista do expresso. As fotografias publicadas são a preto e branco, soturnas e envolventes. Fazem suspirar. Ora, eu não gosto particularmente dos livros que escreve. (...) No entanto, acho-o um homem muito bonito, moreno, o cabelo rebelde, os olhos pequenos e escuros, a pronúncia do lado de lá (o que eu gosto daquela voz que tem no timbre os entardeceres mornos do sul). "
O José Eduardo Agualusa faz-me suspirar. Hoje distraí-me com uma revista literária onde o Agualusa aparecia na capa. Senti-me corar. Página a página, ouvia a voz dele a falar sobre o próximo romance e eu perdida nos olhos dele, no cabelo, no nariz, na barba por fazer. Olhava-o ora sentado na biblioteca ora no sofá, em corpo inteiro ou em plano americano, sempre moreno, sempre o Agualusa que me invade os sonhos.
Não somos dois perfeitos estranhos, temos coisas em comum. Eu também tenho dois filhos e um sofá assim, eu também tive uma biblioteca assim antes de o cão a roer.
O cão roeu uma outra revista onde também entrevistavam o Agualusa que também aparecia na capa. Tive-a guardada durante anos e volta e meia fingia lê-la para às escondidas me deliciar com as fotografias dele.
O meu mundo parou noutro dia quando o vi num documentário que estava a ver. Nessa noite sonhei que o Agualusa me abraçava as ancas e eu afundava os meus dedos nos seus cabelos.
Não comprei a revista mas fui buscar os miúdos à escola com um sorriso parvo estampado no rosto.

Eva e o ideal que não existe

Há dias em que nem me suporto.
Peso-me.
Os braços,
as ancas,
as pernas
e o cabelo imenso.
Não me aguento e só desejo afundar-me. Suspiro, inquieto-me, suspiro novamente.
Desejo àgua a toda a minha volta e reparo que suo.
Às vezes só me apetece amolecer ao calor da tarde depois de fazer amor contigo.