31/12/2009

São Silvestre

Adorei este meu natal. Correu tudo lindamente, cansativo é certo, mas adorei. O Biscoito foi comigo à missa e - surpresa - foi ele quem parou no miradouro a dizer ohh que lindo antes de entrarmos na igreja. Portou-se o melhor possível, fora uma ou outra indiscrição e diversos comentários ao coro dos meninos a cantar. Ele não sabia as letras e ficou chateado. Adorámos o menino Jesus e aquecemo-nos no lenho. Viu o Pai Natal entrar numa casa e ficou histérico. Recebeu tudo o que quis e o Outro Biscoito também. Domingo dormiram os dois o dia todo. Estavam exaustos.
Hoje vou tentar comprar tudo o que precisamos para jantares e almoços e vou passar a meia noite em frente à fogueira. Se tudo correr bem, até bebo espumante e acordo no primeiro dia do ano com um café ao lado.

Até agora tenho uma resolução de ano novo: abrir presentes no dia de reis. Este ano o espírito de natal invadiu-nos mesmo e achámos melhor assim. O natal dos miúdos teria corrido bem na mesma sem presentes, todos juntos envoltos num pozinho de perlimpimpim  que deixava tudo a brilhar. O sorriso na cara dos meus filhos não tem preço. Bom ano.

23/12/2009

Coisas de mãe e filho

O meu Natal começa amanhã. Vai correr tudo bem. Vou deixar a roupa dos miúdos já pronta para o pai os vestir a preceito. Vou saír mais cedo do trabalho e vou para casa passear o cão. Vou ligar à minha sogra a perguntar pelos miúdos, se passaram todos bem e dizer-lhe que estou a arranjar-me mas que já irei ter com ela e que não me esqueço de levar as couves para a consoada. Vou fumar um cigarro e vou voltar para casa onde vou tomar um banho decente e pouco amigo do ambiente, arranjar as unhas e pentear o cabelo. Vou vestir roupa lavada e maquilhar-me, talvez até pinte os lábios. Eu, o cão, as couves e os presentes vamos subir rua acima e chegar a casa da minha sogra, pôr o avental e começar a fritar rabanadas, se é que a a santa senhora não deixou já tudo preparado de vépera. Iremos falar de banalidades e ela vai de certeza absoluta perguntar-me se o meu marido irá à missa. Claro que não, há-de ficar em casa com a desculpa dos miúdos, mas o mais velho, se não estiver a dormir, irá comigo e com ela beijar os pés do menino jesus. Vou fazer um esforço enorme para não adormecer antes do jantar e juro que hei-de comer uma tijela de arroz-doce sem fazer caretas. Vou bendizer a missa do galo, que bom que será sair à rua para apanhar ar e ver tantas famílias encasacadas a ir pelo mesmo caminho até à igreja. Sei que vou parar um segundo no miradouro e maravilhar-me com as luzinhas dos arrabaldes, tão bonito, parece mesmo um presépio, e vou acotovelar todos os que se atravessarem no meu caminho para conseguir um lugar sentada. Sei que vou fazer finca pé e o meu sogro vai amuar porque vai ter de esperar mesmo até ao fim da missa para ir para casa. Talvez já se tenham aberto os presentes, talvez se abram mesmo só à meia-noite. Havemos de voltar para casa cheios de sono e sem poder ver uma migalha à frente. Prometi ao Biscoito ficar com ele na cozinha, os dois acordados à espera de ver o Pai Natal entrar pela chaminé. Já tenho as bolachas de aveia.

22/12/2009

Ranho, otites e outras tosses

Estou altamente constipada. O Biscoito está altamente tússico e o Outro Biscoito tem uma otite. O cão está bem de saúde, obrigada e o pai também não me parece nada mal fora uma ou outra fungadela.
Ontem chegou um cabrito inteiro lá a casa. Bem a calhar, principalmente depois de descobrir que o bacalhau inteiro de lombos altíssimos, reservado para o Natal, fora deitado para o lixo por uma alma caridosa que acreditava que o bicho estivesse podre. Entretanto as couves também estão encomentadas e o quilo e meio de batatinhas para assar também. Espero que o forno aguente, porque vou passar o dia 26 inteiro a cozinhar. Isto tudo porque vou andar a comer em casas alheias durante dois dias e depois vem o fim de semana e eu quero é descanso até segunda.
Todos os presentes estão embrulhados e etiquetados, só me falta mesmo é o pacote de bolachas de aveia para o Pai Natal. Está quase.

17/12/2009

Postal de Natal






Estas duas criaturas de deus estão a despir-se. Presumimos que se venham a deitar um com o outro à sombra da nespereira. Como só há nêsperas no verão, presumimos também que esteja calor e que o sol brilhe.

Eu gosto de me despir e deitar à sombra das àrvores. Gosto de ver as nuvens passar por entre as folhas da copa (uma ameixeira neste meu caso) e ficar ali à espera de me fartar.

15/12/2009

O homem era um génio


Assim, sem nada feito e o por fazer
Mal pensado, ou sonhado sem pensar,
Vejo os meus dias nulos decorrer,
E o cansaço de nada me aumentar.
Perdura, sim, como uma mocidade
Que a si mesma se sobrevive, a esperança,
Mas a mesma esperança o tédio invade,
E a mesma falsa mocidade cansa.
Tênue passar das horas sem proveito,
Leve correr dos dias sem ação,
Como a quem com saúde jaz no leito
Ou quem sempre se atrasa sem razão.
Vadio sem andar, meu ser inerte
Contempla-me, que esqueço de querer,
E a tarde exterior seu tédio verte
Sobre quem nada fez e nada quere.
Inútil vida, posta a um canto e ida
Sem que alguém nela fosse, nau sem mar,
Obra solentemente por ser lida,
Ah, deixem-se sonhar sem esperar!

14/12/2009

Festas de Natal

Começou a época das festas de natal, dos circos e dos presentes. Num papel de embrulho li que só trinchava o perú no horário de Tóquio. Parece-me bem. Volta e meia também me apetece uma coisa dessas. Talvez um dia fuja ao Natal em família e desapareça com a minha para uma pousada qualquer, no meio da serra, cheia de neve e vento e o uivo de lobos à noite. Quero ir para fora cá dentro e trocar um único presente com os meus homens no calor de uma lareira emprestada. Já só faltam mais três festas e depois estamos despachados. Provavelmente afogados em papel de embrulho.

11/12/2009

Feito á mão

Chegou finalmente o grande calendário do advento encomendado à Rita. O Biscoito não resiste e já mudou os doces de bolso mais vezes que aqueles que comeu. É demasiada emoção, tantos docinhos e surpresinhas enfiados em quadrados tão deliciosos. As meias de lã já estão bordadas e penduradas nas portas e o presépio montado com musgo junto à àrvore de Natal.
Ontem fomos ver O Pai Natal e o Biscoito, ao colo do simpático velhinho, puxou-lhe discretamente as barbas a confirmar que eram verdadeiras. Prometeu que se ía portar bem e perguntou onde estavam as renas. O Pai Natal pediu-lhe que deixasse leite morno e uma bolacha de aveia na chaminé, mas que isso das renas era um segredo dele. Na volta de carro o Biscoito estava muito preocupado por não haver nenhuma bolacha de aveia em casa.
Adoro o Natal.

09/12/2009

Ana

Chego a casa da eslava com os filhos cheios de bolinhos de côco. Ela levanta-se, muito cerimoniosa e visivelmente feliz em nos receber. Uma visita. Faz café e convida-me para um cigarro. Agradeço quero sim, obrigada. Sinto-me à vontade, sem grandes cerimónias e entramos na cozinha. Tudo limpo. Impecável. Parece-me que vejo o meu reflexo nos azulejos brancos. A casa é igual à minha, o mesmo tamanho, as mesmas divisões, a mesma vista para o palácio no jardim da rua de cima.A minha casa é um caos ao pé da dela. Gosta de plantas, todas verdes e exuberantes, a contrastar com a timidez dos meus três potes de heras e orquídias raquíticas. Bebemos e fumamos enquanto ela vai falando. Fala do filho mais novo, do trabalho, de como gosta de Portugal e das laranjas. Pergunto-lhe o que fazia na terra dela. Percebi que era qualquer coisa entre contabilista e engenheira agrónoma. Aqui trabalha a dias e ganha mais do que eu. Fala quatro línguas diferentes e conhece a Europa quase toda. É uma mulher esclarecida. Não lhe pergunto pelo marido porque não quero saber se foi morto durante a ditadura, refugiado político, qualquer desgraça assim. Digo-lhe que os meus sogros têm laranjeiras e um limoeiro e que também os acho bonitos. Ela gosta de conversar, de estar ali de perna cruzada a fumar um cigarro. O filho dela é o melhor aluno da escola e quando for grande quer ser criminalista forense. Os olhos azuis dela brilham como àgua quando fala do filho. Está convencida de que um dia vai ganhar o euromilhões. Já somos duas.

03/12/2009

Tempo de menos

Dou por mim a adormecer ao computador. Aborreço-me de morte.
Queria voltar ao fim de semana passado e tirar tempo para fazer o que ficou pendurado no horizonte das esperanças de um futuro próximo. Queria ter mais tempo para mim, para ti, para nós. Estou a precisar de férias e abençôo este Natal que calha numa sexta feira. O sweet day of nothing doing é num sábado. Só espero que esteja tudo fechado para eu não ter ideia de fazer mais nada senão olhar para os nossos filhos e ver-me feliz.

13/11/2009

Sexta-feira 13

Acordei tarde;
Cheguei uma hora e meia atrasada ao trabalho;
Estacionei o carro no cú de judas;
Entornei o galão em cima das calças brancas,
Só tive chatices;

Agora que o sol se pôs, o dia só pode melhorar.

03/11/2009

Notícias

Desemprego. Violência. Corrupção. Fome. Mortes. Horrores.
Eu, na minha vidinha monótona e insignificante, tenho outros assuntos mais importantes para me preocupar. Preocupo-me com o facto de o Outro Biscoito se destapar à noite e apanhar com a corrente de ar das frinchas da janela porque ainda não tive tempo nem dinheiro para ir comprar o varão dos cortinados para o quarto deles. Preocupo-me porque o Biscoito tem as costelas salientes e imagino que pensem que anda subnutrido. Preocupo-me porque a cadela está com o cio, anda nervosa e não come o suficiente. Preocupo-me com a renovação do meu contrato e com a renovação do contrato do meu marido. preocupo-me porque o Natal está aí à porta e eu a imaginar que o subsídio talvez não chegue para os presentes, para os roupeiros e para os cortinados que precisamos há mais de um ano. Preocupo-me com os almoços e os jantares, as roupas a precisar de remendos, os sapatos que se estragam. Preocupo-me.
Num mundo lá longe, do outro lados das notícias, crianças morrem de fome, morrem afogadas, morrem estropiadas, morrem soterradas. Eu aqui, com tanto amor para dar e tão pouco tempo com os meus filhos. Eu aqui, a chorar porque a comida que sobra do jantar não serve para alimentar aquela gente lá longe. Eu aqui a chorar porque o mundo é tão violento. Eu aqui a chorar porque a nossa vida não é um mar de rosas.
Vou deixar de ler a Ana Cássia. Toca-me demasiado a alma.

16/10/2009

Parabéns para mim


O dia foi agitado, mas o bolo ficou mesmo assim. Delicioso e fácil de fazer. A receita está aqui.

09/10/2009

Euromilhões

Se eu ganhasse o Euromilhões, a primeira coisa que faria seria suprir todas as necessidades das nossas famílias. A segunda seria comprar a tal casa com quintal para enxotar os miúdos e o cão lá para fora ao fim da tarde. A terceira seria criar uma fundação. Fundação Azevedo-Ferreira para a Cultura. Assim. Não sei qual a definição legal de uma fundação, mas soa-me bem. Sobretudo, soa-me a bem. Haveria de arranjar a escola dos miúdos, que afinal, com instalações decentes aprende-se melhor. Haveria de criar concursos para se catalogar, transcrever e publicar on-line todo o espólio do A.N.T.T. e assim dar trabalho a gerações de paleógrafos que não fazem nada do que estudaram apra fazer. Haveria de fazer com que as escolas primárias e jardins-de infância públicos do meu concelho tivessem refeições gratuitas que sempre me pareceu uma incongruência ter de se pagar a alimentação numa escola pública. Quando fosse velhinha, haveria de me ser dado nome de jardim ou praça: Filipa Azevedo, Benemérita, Filantropa ou algo assim e os meus netos haveriam de ir comigo cortar a fita. Os meus descendentes haveriam de recordar o meu nome e ter orgulho em ser da minha linhagem de belos varões. Haveria de se cantar tudo o que eu fizera em vida. Se eu ganhasse o Euromilhões, haveria de deixar bom legado.
Porque raio é que os números me hão-de saír sempre ao lado?

02/10/2009

Ora bolas

Descobri que sou pobre. Assim, como uma bofetada na cara, dou por mim a fazer contas à vida, a escolher o que menos me custa abdicar porque o dinheiro não chega para tudo. Sempre pensei que fosse rica ou que um dia o serei realmente. Agarro-me a essa esperança com unhas e dentes e passeio-me com um recorte de folhetim imobiliário com a fotografia da minha casa de sonho. Nessa casa com quintal haveria de enxotar os miúdos e o cão lá para fora ao fim da tarde e triturar a sopa no meu robot de cozinha último modelo de design retro enquanto bebo um gin tónico num copo de cristal atlantis e não vidro barato ikea. Menos mal, ninguém passa necessidades cá em casa, muito menos o cão. Ao meu lado repousa um saco com roupa para o Outro Biscoito que a minha mãe deixou. Roupa nova que a minha mãe trocou pelos sapatos que eu comprei e que não lhe serviam. Um balúrdio custaram-me aqueles sapatos num final de mês comprido demais. Depois há destas coisas, aniversários especiais com presentes a sério e a ideia de uma ida a Paris num fim de semana. Estranho-me. Não sei se deva, não fui habituada a isto de ir de viajem e os miúdos com as calças tão curtas. Por outro lado, que mal tem, os miúdos crescem e a viajem está mesmo ali à minha espera. Aproveito e compro as lembranças de Natal para toda a gente, tudo corrido a caixas de bolachas do Maxim's e da Fauchon, muito chique, irrepreensível bom-gosto, nem se esperava outra coisa. Divido-me. Não sei o que faça.
Durante toda a semana só me apeteceu desfazer o telefone na cara dos franceses. Não que tenha nada contra os franceses, muito pelo contrário, que seria de nós sem os irredutíveis gauleses. Mas é que assim ao telefone, as vozes das mulheres ficam mais irritantes com aquele tonzinho agudo no final das palavras e os meus ouvidos estreitam-se um pouco mais.
Descobri que estou a ficar surda, nada de anormal, mais do esquerdo que do direito, deve ser do telemóvel. Não, não é, só pode ser da janela do carro sempre aberta, as correntes de ar e a natação da adolescência. Nada disso me impede de fazer o meu trabalho, rebolar os olhos e suspirar por não estar autorizada a contar-lhes que as facturas não vão ser pagas a tempo porque a empresa pode dar-se ao luxo de só o fazer quando lhe der jeito. Dou por mim a pensar se atender tantas reclamações em tantas línguas todos os dias me estará a fazer bem. Ando nervosa, irrequieta, volta e meia emociono-me e não consigo evitar uma fungadela discreta. Paguem a merda das facturas e deixem-me em paz! digo eu mentalmente esperando que as minhas preces sejam ouvidas.

Amanhã é sábado, natação. Talvez consiga ensurdecer de vez com os salpicos da àgua.

29/09/2009

A-B-Cinema

O meu Biscoito querido já sabe escrever. Não soletra quase nada, nem por isso se adestra no desenho dos grafismos, mas com grande entusiasmo escreveu "ParaaOmado Francisco edo Pedro" assim, tudo junto com um C e um N ao contrário e com um S perfeito. Foi o melhor aniversário que a Oma alguma vez teve, só nós, tão poucos e tão bons.

Amamnhã ele vai ao cinema com a escola. Ele nunca foi ao cinema. Até roí uma unha.

22/09/2009

14/09/2009

Dois casamentos,

um nascimento e dois funerais.
A minha avó Alice morreu. Não estou particularmente triste nem desgostosa. Apagou-se suavemente numa cama de hospital com uma idade respeitosa. Tinha-a ido visitar na quinta feira passada em jeito de despedida. Falara-lhe que tinha ido a casa dela e que as roseiras estavam todas em botão e os antúrios tão grandes que impediam a passagem. Pintara-lhe os lábios com o meu baton e ela sorrira. Espantara-se com as fotografias dos Biscoitos tão grandes.
Sábado, num casamento, dancei com o Ricardo e lembrei-me que ela gostava tanto de dançar. De a ver rodopiar tão elegante na saleta e de nos ensinar o tchatchatcha e a valsa.
Penso nela sempre que faço uma caçarola ou um bolo, sempre que embalo os meus filhos, sempre que ponho um chapéu ou uma roupa mais elegante. As rosas, as rosas.

01/09/2009

De volta

a casa e ao trabalho.
Ainda não percebi se estou triste ou não.
Demorei-me a observar a luz quente que invade a minha casa demasiado pequena. Tinha saudades desta claridade. Tinha saudades da minha cozinha e da varanda da sala. Das minha plantas jurássicas. Dos dragões do quarto dos Biscoitos. Do perfume do meu sabonete de rosas e de ir buscar pão com a Sutra.
Tinha saudades do jardim do meu emprego. Hoje a empresa faz quatro anos e vai haver bolo. Estão a dar a vacina da gripe sazonal. Eu tenho sono e tanto que fazer.
Tenho tantas saudades dos meus filhos...

12/08/2009

Verão III

Estou de férias e aborreço-me.
O Ricardo estás a trabalhar. Os Biscoitos passaram da febre alta para as diarreias, já pintei o cabelo e fiz a depilação, lavei a roupa à mão e mesmo assim o tempo não passa. Os Biscoitos alternam entre perfeitos anjinhos e perfeitos terrores. Ontem adormeceram os dois na rede comigo a embalá-los.
A minha sogra tem horários para tudo e atrapalha-me a vida. Faço demasiada cerimónia com ela e rendo-me aos almoços tardios de faca e garfo que me arruinam qualquer planeamento de actividades. Gosto de dormir a sesta e a porra do almoço impede-me de usufruir desse prazer estival. Ela demora-se e repete que não há pressas. Por outro lado, ela atrapalha-se com a minha "descoordenação". Acha que os miúdos estão subalimentados e insiste nas vitaminas e na sopa ao almoço. A minha sogra é completamente alienígena.
Se não fosse ela eu nem dormia. Por isso é que almoço de faca e garfo com ela. Adoro-a.

07/08/2009

Verão II

Estou de férias. O Biscoito cresceu três palmos e tem vocabulário aumentado e o Outro Biscoito diz olá e mamã a toda a hora. Adoro estar de férias com os meus filhos, é optimo não ter horas para nada e como única obrigação o passeio à tarde. Ontem vimos o museu da Marinha, o de Arqueologia e duas exposições da Colecção Berardo e o Biscoito ainda queria ir ver os Jerónimos. Eu já estava de rastos e quis vir para casa. No dia anterior tinhamos ido ao Oceanário onde o Outro Biscoito se encantou com os peixes e os pinguins. É bom estar de férias em casa. Parecem férias a sério.

27/07/2009

Verão


As férias começaram oficialement aqui por casa.
Depósito cheio e fatos de banho na mochila, fomos a casa da mãe, ver o põr-do-sol enorme e quente de gin tónico na mão.

Voltámos não sei um pires de caracóis e uma sopa de peixe boa que se farta. Já estávamos com saudades destas andanças.
Pareceram férias a sério mas foi só um fim de semana.

16/07/2009

Cambada de totós

Conversas aqui do escritório (não foi comigo):
- O Michael Lane ligou.
- O Michael Knight?
- Lane!
- A Lois Lane?!
Ao longe, alguém trauteia a melodia do McGuiver.

A minha irmã conseguiu bilhetes na ponta da primeira fila para a estreia do Harry Portter. Disse-me que havia uma fila enorme ainda nem as bilheteiras tinham aberto. Ela é uma adulta responsável e está histérica. Eu sou uma adulta responsável e estou cheia de inveja.

O Biscoito tem adormecido a ouvir a história do Darth Vader, o que não deixa de ser a Guerra das Estrelas completa. Ainda me baralho um bocado no nome dos planetas e esqueci-me do nome do Qi-Gong, mas ele não se pareceu importar. Ficámos na parte em que o Anakin parte para a escola de jedis. Hoje, a saga continua.

Harry Potter


Como sempre, a minha irmã ligou- me a perguntar se eu queria ir à estreia com ela. Como sempre, falta-me uma babysitter e a ida ao cinema terá de ser adiada. Talvez ela queira ir uma segunda vez como aconteceu com o "Goblit of Fire".
Nos entretantos, depois de ter sobrevivido ao fim-de-semana em família, entrei em modo "férias". Explico-me: apesar de continuar a trabalhar oito horas por dia, o meu espírito já está na outra margem do rio. Torna tudo muito mais fácil.

09/07/2009

Semana (no mínimo) stressante

Passei sábado de fato de banho encarnado (adeus Farrah Fawcet)
Passei o fim de semana a dançar o moonwalk (adeus Michael Jackson)
Passei a semana a dançar (adeus Pina Baush)
Depois desta semana tão atribulada, eis que a Sutra é atropelada (não vou descrever, mas asseguro foi horrível) e como mazela, duas unhas raspadas até ao sabugo. Eu não durmi durante dois dias e ainda hoje tenho pesadelos. O Biscoito nunca mais atravessou a estrada para casa sozinho. Caso perguntem, não, o condutor nem parou e sim, podia ter sido o Biscoito mas por sorte não foi.
Tenho dois almoços de família para compensar o lanche a que me baldei no domingo passado. Bolas.
Eu só queria ir para a praia apanhar sol.
Amanhã vou comprar montes de rosas.

24/06/2009

Darth Vader


Exposição Star Wars no Museu da Electricidade.
Adorou o Darth Vader e o Chewbacca.


O Biscoito anda há mais de uma semana com t-shirts da Guerra das Estrelas. Tem várias.
Quando for grande quer ser construir pontes e ser o Darth Vader.
Estou tão orgulhosa!!!!

Queridos meus

O Biscoito confundiu uma fotografia do Agualusa com o próprio pai. "Humm, é o pai!" disse ele.
Não que o meu marido seja um Agualusa imperfeito, mas antes o próprio Agualusa o meu marido perfeito.
Explico-me: eu sonho com o Agualusa e apaixono-me por ele porque me parece a ideia que eu tenho do meu marido. As melenas onduladas do Agualusa fazem-me lembrar o cabelo do meu marido ao vento de fim das tardes de praia em Agosto; o nariz é quase idêntico; têem o mesmo timbre morno na voz suave; a mesma solidão recolhida nos olhos escuros.
Sonho acordada com ele (com o Agualusa) enquanto procuro uma factura perdida ou enquanto peço a minha bica cheia.
Imagino que o meu marido me escreve intermináveis cartas de amor e romances premiados inspirados na nossa vida em comum.
Depois, acordo ou adormeço com o meu marido ao lado e sinto-me feliz. O Agualusa não é para aqui chamado. Estes momentos de intimidade só ao casal pertencem.
Pelo meu lado, continuo a sonhar. Acho que somos felizes assim.

22/06/2009

Memórias do quotidiano



De tudo o que me acontece durante o dia, de tudo o que me passa pela cabeça e é importantíssimo durante o tempo que demora a estar resolvido, não guardo grandes memórias quando chega a noite.
Guardo, isso sim, as memórias das coisas boas que eu experimento e me enchem de alegria, memórias que se prolongam durante dias e meses e me enchem o coração de um calor feliz:
- Pegar num bebé pequenino ao colo e embalá-lo;
- O cheiro de leite do bebé pequenino;
- Passar um dia inteiro a tagarelar com uma amiga;
- Um café forte e perfumado para eu beber;
- Acordar contigo ao lado;
- Sentir o calor do fim de tarde e o cheiro a relva;
- Ouvir os gritos de alegria dos meus filhos;
- Ser atropelada por filhos e cães em abraços, risos e lambidelas.
Duram tão pouco estes fins-de-semana...

18/06/2009

Bibelots parte II


Eu tinha três bibelots dos quais sobrou um Santo António sobrevivente do cataclismo canino.
Agora tenho três bibelots sem cabeça um despertador e um par de sapatos a menos.
Daqui a pouco tenho mas é um cão a menos.

10/06/2009

Bibelots

Eu tenho três bibelots, dois deles estão numa caixa onde tenho guardados todos os objectos de recordação do meu casamento: os noivos do bolo em barro de Estremoz, o vestido, os sapatos, o aplique do cabelo, a caixa bordada de Viana onde o Biscoito levou as alianças, um lenço de namorados e um de renda, três marcadores de lugar e uma ementa.
A Sutra roeu tudo. Sobraram os lencinhos e o vestido, intactos. Tudo o resto ficou desfeito.
Desfeita fiquei eu a segurar os noivos de barro feitos de encomenda com as caras roídas e as mãos partidas. Os meus bonecos adorados, os totems de mim e do meu marido, desfeitos, vandalizados. Que heresia imensa, que falta de respeito atroz.
O Ricardo diz que não faz mal, que encomendamos outros, desta vez com os miúdos. Mas eu quero estes, são especiais. De volta a Estremoz hei-de mandar repará-los, mesmo que se note o restauro, quero-os a estes.
Eu tenho três bibelots. De toda a casa ela ecolheu precisamente aquilo que me era mais querido.
Tenho o coração em pedaços.

Para me animar, outra vez a Ana num post de segunda-feira de primeira categoria.

06/06/2009

Ai que eu desfaleço

http://ipsilon.publico.pt/livros/texto.aspx?id=233271
que ele está em todo o lado!

01/06/2009

Arranca Corações (3)


http://www.agualusa.info/

Faço minhas as palavras da Ana:
"Exijo, aos meus escritores, recato e clausura! Só assim poderei amá-los pelo que escrevem. De outra maneira, arriscam-se a ser apreciados pelo acessório. Eu explico com um exemplo concreto. O José Eduardo Agualusa esta semana deixou-se fotografar para a revista do expresso. As fotografias publicadas são a preto e branco, soturnas e envolventes. Fazem suspirar. Ora, eu não gosto particularmente dos livros que escreve. (...) No entanto, acho-o um homem muito bonito, moreno, o cabelo rebelde, os olhos pequenos e escuros, a pronúncia do lado de lá (o que eu gosto daquela voz que tem no timbre os entardeceres mornos do sul). "
O José Eduardo Agualusa faz-me suspirar. Hoje distraí-me com uma revista literária onde o Agualusa aparecia na capa. Senti-me corar. Página a página, ouvia a voz dele a falar sobre o próximo romance e eu perdida nos olhos dele, no cabelo, no nariz, na barba por fazer. Olhava-o ora sentado na biblioteca ora no sofá, em corpo inteiro ou em plano americano, sempre moreno, sempre o Agualusa que me invade os sonhos.
Não somos dois perfeitos estranhos, temos coisas em comum. Eu também tenho dois filhos e um sofá assim, eu também tive uma biblioteca assim antes de o cão a roer.
O cão roeu uma outra revista onde também entrevistavam o Agualusa que também aparecia na capa. Tive-a guardada durante anos e volta e meia fingia lê-la para às escondidas me deliciar com as fotografias dele.
O meu mundo parou noutro dia quando o vi num documentário que estava a ver. Nessa noite sonhei que o Agualusa me abraçava as ancas e eu afundava os meus dedos nos seus cabelos.
Não comprei a revista mas fui buscar os miúdos à escola com um sorriso parvo estampado no rosto.

Eva e o ideal que não existe

Há dias em que nem me suporto.
Peso-me.
Os braços,
as ancas,
as pernas
e o cabelo imenso.
Não me aguento e só desejo afundar-me. Suspiro, inquieto-me, suspiro novamente.
Desejo àgua a toda a minha volta e reparo que suo.
Às vezes só me apetece amolecer ao calor da tarde depois de fazer amor contigo.

18/05/2009

Francisco, Fátima e Família

Por incrível que pareça, os meus sogros conseguiram convencer-me a ir a Fátima.
Encontrámos os tios todos, que por morarem em várias latitudes, acharam que a Cova da Iria ficava mais ou menos a meio e podíamos encontrar-nos todos. Afinal, ainda ninguém conhecia o Outro Biscoito.
De panela e garrafa de vinho na bagageira, lá fomos nós todos pipocas fazer um piquenique no parque de estacionamento número 13 junto ao Santuário.
Nós e mais seiscentas famílias com os seus piquenos e as respectivas bolas de futebol e panelões de cozido. Nós levávamos rancho, era diferente.
O Outro Biscoito ainda meio atrapalhado com os dentes, tratou de vomitar em cima da única roupa que levava, porque eu, nas pressas, deixara os casacos e as mudas de roupa pendurados na porta, onde os pusera para não me esquecer. Pois esqueci-me e passámos o tempo todo enrolados em mantas, que mais lá para o fim do almoço eram mantas vomitadas.
Entre o frio e a vontade enorme de desaparecer para casa o mais rapidamente possível, fui arrastada para o Santuário, onde o Biscoito às tantas, no meio de um silêncio venerável me pergunta:
-"Chamaste-me?" não, disse eu, porquê? - "Eu ouvi chamar Francisco Maria, foste tu?"
Não, não fora eu nem nignuém. Ninguém falara. Estavam todos em silêncio. Além disso, ninguém chama o Biscoito de Francisco Maria. Nem eu. Arrepiou-me tanta certeza, as palavras tão adultas do meu Biscoito.
Pareceu-me um recuo no tempo. Tanta gente, tão calma e tão sofrida, as velas e os incensos, as flores e o rosário de pétalas de rosa que eu usava ao pescoço para delírio do Ourto Biscoito. As procissões e os estandartes, os brocados dos religiosos, os meninos de joelhos pela mão das mães, uma praça inteira de joelhos e silêncio.
"Quando é que a senhora bonita vem?" - assusto-me. "Ela vem agora?" e o Francisco e a Jacinta a olharem para mim no meio das velas das promessas. Tinha acabado de queimar dez. O Biscoito que também quer andar de joelhos.
A senhora bonita só vem quando quer. Ela é que sabe. Nós trazemos flores e acendemos velinhas.
Eu sobressaltada. O Biscoito fascinado.
A viajem de volta correu bem Foi bom voltar a casa.

09/05/2009

Expressionismo e Expressionismo Abstracto


La Table de l'architecte, 1977
Colagem, acrílico e objectos sobre tela
100 x 100 cm
Colecção Fundação Júlio Pomar, Lisboa

Tenho andado às voltas coma exposição de pinturas do meu emprego.
Embora o Monet me tenha calhado na rifa, consegui substituir a Lempicka pelo Júlio Pomar, que vai muito mais de encontro aos meus gostos pessoais. Não que não goste de Art Nouveau nem encontre um certo fascínio estético nas obras de Lempicka, mas foge-me sempre a imaginação para o Cubismo de Amadeo de Souza Cardoso e para as rectas convergentes do Almada Negreiros. Pelo sim, pelo não, um certo erotismo calha sempre bem.
Infelizmente, as imagens disponíveis na net são demasiado eróticas e não me coíbo de uma certa auto-censura num dos meus quadros preferidos: La table de l'architecte. Decido guardar essa imagem só para mim e escolho outros menos dúbios.
De qualquer forma, estou a gostar e é uma agradável aragem na minha rotina laboral. Sinto o meu cérebro de novo a trabalhar e isso faz-me feliz. O facto de podermos tirar tempo ao nosso horário de trabalho para tratar da exposição é optimo. Faz-nos voltar para as facturas perdidas com outro ânimo "Ah, não lhe pagaram? Pois, a factura não está cá, temos pena, mande outra vez" em vez de ficarmos mudos a olhara para o vazio onde devia estar uma factura paga.
Viva a Arte. Qualquer dia pego outra vez no mestrado...

05/05/2009

Olá Amigos...

"Olá Amigos..." e todo um mundo se abria diante dos meus olhos.
Passei a minha infância a conhecer animações que ainda hoje me moldam os gostos, que raras vezes revejo e reconheço, sempre ligadas à mesma cara.
"Olá Amigos..." e corro o youtube à procura dos mesmos filmes para mostrar ao Biscoito.
Estive uma vez no país dos desenhos animados do Vasco Granja, que já não era a Checoslováquia da altura. Mesmo com tanta História a debruçar-se sobre mim, a neve pelos joelhos fez-me lembrar uma animação a carvão que mostrava a certa altura um menino a enterrar os pés na neve.
Adeus Vasco Granja, deixas saudades.

18/04/2009

Parabéns Biscoito!



O Biscoito fez quatro anos.
Fiz-lhe um bolo para levar para a escola, mas correu mal e tive de lhe fazer outro.
Andei a semana toda a comer bolo cor-de-rosa porque o encarnado não se manteve tão encarnado assim. Deitei-me tarde e a desoras, mas valeu a pena. O Biscoito adormeceu de velas na mão.
Escrevi-lhe um postal para ele ler de manhã mas tive o coração apertado o dia todo por não estar em casa quando acordou. Quando o fui buscar, o abraço do costume. Parece que gostou do bolo encarnado e da festinha na escola. Os meninos fizeram-lhe uma coroa de papel colorido a condizer com o bolo.
Eu insisto em fazer o bolo e não levo saquinhos de guloseimas para os meninos. O bolo foi o meu presente para o meu filho. O pai tratou de encontrar o presente de aniversário.
Estou contente, o meu filhote está a ficar um menino grande.

Agora assim um aparte, que me toca especialmente. Não percebo que raio de chip é que se fundiu na cabeça da minha mãe, que de cada vez que vê o miúdo o enche de guloseimas. Não percebo e zanguei-me a sério com a porcaria do saquinho das gomas para ir para a escola, outro saquinho para vir e outro porque sim. Eu, filha rebelde, fico pasma a vê-la entupir a criança com gorduras saturadas e corantes enquanto na minha mão se afunda um pacote com dois biscoitos caseiros e uma maçã. Não percebo com é possível.
Lembrei-me disto porque o bolo da festa em família tinha um batman em posição de quem ia levantar vôo assim que se soprassem as velas. Como o Biscoito queria a cabeça e a capa do batman, a vovó tratou de cortar uma fatia do meio do bolo e o resto da famelga que se amanhasse. Ai de nós se isso tivesse acontecido nas nossas festas com os nossos bolos. Connosco era tudo milimétricamente cortado para não saír da simetria. Quem quisesse alguma coisa especial, tinha de esperar que a faca lá chegasse. Mas neto é neto e o chip fundiu mesmo.

09/04/2009

Estou de férias

Não percebi lá muito bem como, mas estou efectivamente de férias.
Como sempre, passado o fim-de-semana, demorei mais uns dois ou três dias a perceber que não tinha de ir trabalhar. Fiquei meio atarantada, até liguei a uma colega, mas finalmente passou. Ontem senti-me mesmo de férias.
Que fiz eu durante os dias em que os Biscoitos estiveram na escola e eu em casa? Fui às compras, claro, gastar todo o dinheiro que não consegui gastar em três meses de reclusão shoppaholica. Comprei duas blusas, três calças e um par de sapatos de salto para substituir os que a Sutra roeu. Consequi a proeza de não estourar o meu salário todo e tenho finalmente roupa decente para me passear no emprego. Ah, a bela vida de dondoca.
Também me tenho dedicado habilmente à cozinha. Aprimorei o arroz de pato e a salada de massa estava de chorar por mais, um bolo será feito (talvez um victorian spongecacke) e talvez um leite creme com farófias.
Senti-me com tanto tempo que nem sabia por onde começar. Até levei o cão ao veterinário.
Quando estiver mesmo embalada nisto das férias, elas terminam. Claro.

24/03/2009

Prime Time

O Exmo. Senhor Primeiro Ministro veio passear-se aqui na empresa.
Ele e mais uma entourage relativamente pequena que logo o Senhor Director mandou aumentar. Um corropio de fotógrafos giros e bronzeados, de repórteres baixinhas e muito atarefadas, gente para cá e para lá e nós a olhar da janela. Presumo que a visita se deva ao facto de termos sido a única empresa em Portugal a contratar gente em vez de a despedir.
Vi o Sócrates, penso ter sido ele que por breves instantes levou um dedo ao nariz. Não tinha a inevitável gravata azul, mas bordeaux. O meu chefe não é francês, é belga.
O inevitável discurso de tamanha personalidade roubou-nos metade dos colegas e a cantina, que por estas alturas tem uma vista magnífica sob os jacarandás. Vou ter de almoçar de pé com vista directa sobre o parque de estacionamento.
Vou comer. Estas coisas dão-me fome.

05/03/2009

Ir passear o cão



Ontem ao almoço, uma colega espantou-se por eu não ter tv cabo. "Como é que sobrevives?" perguntou ela meio trocista. Eu não respondi. Estava de frente para o jardim e só me lembrei de um domingo destes ter ido com a família toda ao Guincho passear o cão. Não sobrevivo, disse, vivo sem isso.
Nós já tivemos uns doze ou quinze canais enquanto ninguém se lembrou de desactivar o contrato do inquilino anterior. Para dizer a verdade, continuava a ver a :2 por causa dos desenhos animados decentes e do horário bestial do noticiário - depois do jantar. Quando cortaram a tv cabo ficámos sem televisão um mês.
Não mudámos muito mais por causa disso, eu continuava a adormecer com os miúdos, tal como fazia antes e (mal de mim) ainda hoje, o Ricardo continuava agarrado ao computador, tal como ainda hoje.
Outro dia apareceu-nos cá em casa uma PS3. Para compensar o só terem quatro canais. Três, porque um deles nunca dá para sintonizar.
Bom, arrumámos o vídeo e agora em vez de um totó dos computadores, tenho dois. O Biscoito tem horário rígido com a PS3, não vá aquela coisa fritar-lhe o cérebro cedo demais. No entanto, está nervoso e explode à mínima contrariedade. Será da idade? Será da chuva? Será dos jogos? Pois, como se não soubéssemos a resposta.
Ficamo-nos, impávidos, a ver o miúdo aos berros e gritos porque o Batman perdeu vidas outra vez. Eu até tento jogar com ele, mas mais de dez minutos e fico tonta e enjoada e tenho de ir apanhar ar. Não sei como o Ricardo consegue. O Biscoito só pensa em jogar jogos na televisão, como ele diz.
Estragaram o meu menino, tão novo e tão inocente de tudo, com o cérebro treinado a tangrams e cartilhas maternais. Ainda bem que vem aí o calor. Vamos passar a ir ao parque outra vez.
Eu continuo a preferir ir passear o cão.

22/02/2009

Carnaval e o amazing spiderman



Hoje foi a festa de Carnaval aqui da paróquia.
Um ano inteiro a tentar convencer-me, pois convenceu e lá fui eu, de homem-aranha pela mão, para o concurso de máscaras do padre. Pus uma máscara do Cirque du Soleil e hopla rua acima que o sino já tocava as três.
Chegámos lá, uma mãe pássaro e um menino homem-aranha e vimos ninjas e mais homens-aranha, princesas cintilantes, um dinossauro e um zombie. Enquanto os miúdos saltavam e faziam guerra de balões de àgua com uns ciganitos que por ali passaram, o padre mascarado de mexicano lá encontrou a música de carnaval e a festa começou.
Houve concurso de máscaras que eu apresentei, os quase vinte miúdos desfilaram em frente a um jurí muito viciado e no fim empataram duas princesas e um miúdo tranvestido que só no fim percebi que era um rapaz mesmo. Uma avozinha do jurí tentou dizer-me qualquer coisa acerca do meu filho só ter pontos por ser filho da apresentadora, ao que eu respondi a perguntar que raio tinha um homem-aranha a ver com o desempate de uma princesa cintilante com uma princesa fada? Distribuiram-se presentes e gomas, mais o lanche e vim para casa com dois homens-aranha e dois avós muito babados.
Preciso urgentemente de um cigarro e de um gin tónico. Já não tenho idade para estas festarolas.

14/02/2009

O amor está no ar




O Amor anda aí. É sábado, fim de semana. Temos tempo.
Fiz um bolo de chocolate em forma de coração, com dois andares e muito creme.
Depois de uma semana infernal (do inferno mesmo) um feedback encorajador de colegas de trabalho veio mesmo a calhar. Eu prometo. Tenho skills e o perfil para a coisa. Ainda bem.
Um mês a tentar dominar a tool e já rock that thing. Pensamento positivo, mulher, put on your happy face. Trabalho num ambiente multicultural.
Acho que vou aprender holandês e russo.
Como é que se diz I love you nessas linguas todas?

23/01/2009

Crianças

Ainda me dá a volta à tripa notícias sobre crianças assassinadas.
Ontem na Islândia, hoje na Bélgica, outro dia no mundo inteiro.
Penso sempre nos meus Biscoito tão inocentes de tudo, tão queridos e felizes no seu pequeno mundo que cabe inteiro no meu colo.
Ao ler estas notícias, mal consigo evitar uma lágrima discreta e uma saudade tremenda dos meus dois filhos.
Sei que logo, quando os for buscar, o Francisco há-de correr para me abraçar as pernas e gritar "Mãe!"e o Pedro há-de estender os braços para mim e balbuciar um "Ba ba ba" que eu sei ser o meu nome. E iremos para casa e irei adormecê-los com um "Dorme bem, filhinho. A mãe e o pai gostam muito de ti", passar-lhes uma mão nos cabelos, sorrir e achar que apesar de tudo, somos tremendamente felizes.
Ainda estou à procura do poema do fernando Pessoa que termina com o tal "O melhor de tudo são as crianças" e quando o encontrar posto-o aqui.

Dia 2

Ontem fecharam as prisões da CIA fora dos EUA.
Começa bem.
Parece que sempre há esperança.

20/01/2009

Morreu o João Aguardela

Não comento. estou triste.

05/01/2009

Aha!

(falta a foto)

THANK YOU, TOM!!!

Saldos!

Fui aos saldos. Não resisti, foi mais forte do que eu.
Para não me sentir tão fútil, fiz-me acompanhar do melhor crítico lá de casa , o Biscoito. Com muitas promessas de um gelado e tudo o que mais ele quisesse se se portasse bem, lá nos enfiámos nas Amoreiras. Pensei que fosse dar de caras com um mar de gente em fúria gastadora, mas nada disso. Havia um barulho de fundo, sim, mas nada de insuportável. Virar à direita, depois à esquerda e entrámos na loja, já meditada de véspera: preciso de umas calças pretas e sóbrias que me sirvam, fáxavor. Primeira birra, que o Biscoito queria um brinquedo antes de mais. Nada disso, primeiro ajudas a mamã a escolher umas calças bonitas. Gostas destas e destas? Então agora vem comigo aqui. Vesti as primeiras, serviram, levei-as. Mamã bonita, disse ele. Ora bem, é isso mesmo. Próxima loja, em busca do maravilhoso vestido preto-nunca-me-comprometo, mas um finca-pé à porta fez-me abrir mão de mais um trunfo escondido. Ok, escolhe qualquer coisa para levares tu também. Essa t-shirt? Gosto muito, sim senhor e enquanto ficas aí a namorar a menina que também está a apanhar uma ganda seca, eu agarro em dois vestidos tamanho L, que servem de certeza. Prontinho, já estamos, bora lá comer esse gelado.
Assim se fazem compras com um filho atrás.

02/01/2009

Virus Wars I, II, III & IV



O vírus torna a atacar, desta feita em quatro episódios sucessivos:
Biscoito, Outro Biscoito, Pai e Mãe. Só o cão se salvou.
Mais uma vez, a famosa competição de réveillon, ver quem consegue aguentar mais tempo acordado, se revelou igual ao ano passado, em que os miúdos e eu adormecemos antes das onze. Não fosse o Ricardo a vir acordar-me uns minutos antes, teria passado o fim de ano a dormir. Tenho febre. Que desgraça.