29/06/2012

Os Biscoitos sabem melhor no verão

Os meus Biscoitinhos queridos cresceram que se farta na semana de férias na praia. O Novo Biscoito continua a não se aguentar sentado, mas os quilos de areia que comeu devem ter-lhe feito bem porque se põe em pé sempre que pode e agora só com uma mão. O Outro Biscoito chegou à praia ainda com a barriga de bebé toda espetada, quatro dias depois não tinha barriga e a única camisola que levava já mal passava dos cotovelos. Assim, do dia para a noite, os dois Biscoitos mais pequenos cresceram. O Biscoito maior passou a semana toda aos pinotes e a ferida do joelho abria todos os dias, de maneira que um mês depois do raspão no alcatrão, a ferida continua, como uma grande mancha de crosta que só agora começou finalmente a melhorar.

Há mais de seis anos que eu não tinha férias noutra altura que não em agosto. Adorei as praias cheias de espaço para estender as cinco toalhas e o chapéu de sol, muitos meninos de férias com os avós para brincar na areia, deixar os filhos correr sem os perder de vista, lugar sentado na esplanada a qualquer hora do dia para nós todos, o mercado com peixe à hora do almoço, uma maravilha!

( As filas na autoestreada, nos semáforos, no supermercado, na praia, no café e em todo o lado, replicam-se por esse país fora no mês de agosto, de forma que em vez de férias temos é o dobro do trabalho porque ainda por cima temos os filhos o dia todo connosco e as refeições todas para cozinhar e a casa toda para limpar ou os avós a constranger, o calor imenso e o vento, senhores, a quantidade de areia que aquele vento levanta! e as festas das vilas piscatórias onde Lisboa em peso vai passar as férias em agosto com música de qualidade duvidosa em decibéis muito acima do máximo permitido por lei.)

Eu não gosto de férias em agosto, nunca gostei e não me parece que alguma vez vá gostar. A única coisa que eu gosto mesmo nesse mês é, já na última semana a atirar para setembro, da àgua do mar e do vento suão no final da tarde. A hora do gin na praia. Sonha, critaura, que tens três filhos pequenos e ainda tens de trepar pela falésia acima com as tralhas todas para chegar à estrada que te leva a casa onde te esperam banhos e jantar e birras e melgas.

06/06/2012

Final do ano lectivo

Hoje arrastei (literalmente) o Novo Biscoito e a Sutra para a Quinta das Conchas. Queria ir ver o Outro Biscoito na festa de encerramento do ano lectivo. Para quem não sabe, o jardim das Conchas e dos Lilases é um espaço enorme onde já cada um de nós se perdeu de um filho pelo menos uma vez.
Eu estava cheia de remorsos e culpa por ter uma vez chegado atrasada à corrida de pais e filhos do Outro Biscoito num lado e por isso ter perdido a corrida do Biscoito no outro. Já me tinha redimido com o Biscoito e consegui encontrá-lo no festival do dia da criança, entre seiscentos mil meninos iguais a ele - o meu filho é um menino trigueiro e esticado, tem pés e mãos demasiado grandes para o tamanho dele, joelhos esfolados e o sorriso mais luminoso do mundo, tal como 90% dos outros meninos daqui. Desta vez eram duzentas mil crianças, judocas aos urros para bandos de crianças histéricas, instrutores de aeróbica a incentivar crianças obesas a levantar a perna acima da cabeça, um senhor todo bem posto com jornalistas atrás e a Rosa Mota. Presumo que a ex-maratonista fosse na comitiva do vereador para o desporto ou juventude ou o que for que patrocionou o almoço de sandes de pão de forma com batatas fritas de pacote ao meu filho de três anos. A verdade é que no meio daquele mar de crianças não encontrei o meu filho, mas encontrei por acaso a fucionária responsável por distribuir o almoço à turma dele, que me disse que os meninos tinham acabado de saír para irem piquenicar na escola. Em vez de desapontada, dei por mim a sorrir de alívio e a agradecer à senhora e voltei a arrastar a Sutra e o Novo Biscoito para casa, tropeçando em crianças e mochilas, jornalistas e vereadores da CML. Estou esgotada.