19/09/2011

Regresso às aulas II


O Outro Biscoito no final do primeiro dia de aulas

Depois de tanto esforço da nossa (nós pais) parte, o miúdo acabou por ir parar à antiga escola do Biscoito por falta de vagas na escola junto à casa nova. Desgraça, pensámos, vai partilhar a sala de aula com os cristianos, os vanderleis e os nicolais. Mais um ano sem festa de anos com amiguinhos, que nós não queremos que os pais dos coleguinhas dele saibam onde nós moramos. Reformulo. Não é propriamente dos miúdos que eu tenho medo, é dos pais deles. Os tais que me assaltavam à porta do liceu, me assediavam na paragem do autocarro, vendiam haxixe por trás do campo de futebol e faziam broches aos rapazes. Os tais que agora não têm dentes, estão sempre a ir presos e têm os neurónios queimados, que me entram pela janela de casa para me roubarem telemóveis e máquinas fotográficas, que me chamam nomes no trânsito, que se juntam no vão da porta do prédio em frente a vender drogas a quem passa. É deles que eu tenho medo. Sempre tive, e agora que consegui finalmente vir morar num bairro decente, tenho de lá voltar para levar o meu filho à escola. Medo.
Mas este ano houve um milagre. O mesmo milagre que fez com que o meu filho não tivesse vaga no jardim de infância aqui ao lado, fez com que os novos colegas dele se chamassem João e Manel, David e Jaime, nomes perfeitamente normais, de crianças perfeitamente normais de pais perfeitamente normais. Pais com empregos normais e salários normais que este ano não puderam pagar os colégios privados e não tiveram outro remédio senão inscrever os seus benjamins na escola pública. Menos mal. Menos medo. Mas fiz o pedido de transferência na mesma, recorri ao Sr. Director do agrupamento e entreguei pessoalmente à Sra. Professora responsável pelo jardim de infância. Seja o que Deus quiser que eu já me mentalizei que se não for este ano, pelo menos do outro não passa.
E temos mais um filho todo feliz com a escola nova e todo orgulhoso da mochila com um estojo cheio de lápis de cor.

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