09/09/2016

Cuidados Intermédios

O Biscoito n°4 recuperou bem. Era o Golias da UCERN, no meio daqueles ratinhos todos, uns já veteranos de 70 dias, outros acabados de chegar.
Do outro lado do vidro fosco, os fios dos aparelhos que monitorizam os internos dos Cuidados Intensivos. De vez em quando um bip mais estridente e os passos apressados das enfermeiras. Mas já não era nada connosco, era todo outro mundo, do outro lado do vidro fosco.
Do lado de cá, risos de adultos e choro de bebés. Os melhores sons do mundo para os nosso ouvidos. Os bebés já com nome próprio, escrito a seguir ao apelido das mães, nas etiquetas por cima das encubadoras.
Eu já podia fazer festas no meu biscoitinho. Depois, já podia pegar nele. Uns dias depois, passaram-no para o berço e já pôde mamar. Depois tiraram-lhe a sonda e assim que eu tive alta, montei acampamento ao lado dele. Mais tarde, as enfermeiras convenceram-me a ir dormir a casa. E eu fui.
Só quando me deitei é que percebi o quanto etava cansada e dorida. Os meus pés pareciam patas de elefante, as minhas costas estavam dormentes. A cabeça latejava até aos maxilares. Mas eu estava descansada. Uns dias depois, fomos mandados para casa com o bebé mais precioso do mundo ao colo.

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