12/05/2010

Dente amandado e Papa no Terreiro do Paço

O Papa entrou pela nossa casa adentro com a pronúncia do meu chefe: "Vos agrradeçô du fundô dô corraçáo" tal como o meu chefe diz "Um momentô dê atençáo, porr favorr".
Enquanto obervávamos a homilia papal entre maçãs e iogurtes, os meus Biscoitos cresceram.
O Outro Biscoito pegou-me na mão e quis sentar-se na sanita para fazer xixi e cocó.
O Biscoito disse que lhe doía um dente.
Enquanto limpava rabiosques e mãos e tentava evitar que o Outro Biscoito visse no rolo de papel higiénico uma fita gigante de papel para desenrolar, enquanto o Papa benzia cálices e hóstias e a mitra quase lhe voava da cabeça com a ventania da beira-rio, o Biscoito mostrou-me o dente que lhe doía.
Um incisivo de baixo a abanar um pouco, a começar a ser empurrado pelo dente definitivo.
Dente difinitivo.
Definitivo.
"Estás a ficar um menino grande!" exclamei.
- O dente está mesmo a amandar, vai doer? Vai deitar sangue? perguntou o Biscoito com os olhos muito abertos e dedo no dente.
"Não querido, não vai doer quase nada e nem sempre deita sangue. Não tens de te preocupar, o teu dente novo empurra o dente pequenino para fora para poder crescer."
Adormecemos os dois a rir muito com a ideia de dentes amandados e moedas debaixo da almofada.

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