13/07/2007

Um livro para mim, outro para ti, outro para quem o quiser apanhar



Eu tenho muitos livros. Tenho tantos, que muitos deles já nem estão cá em casa. Um dia alguém me perguntou se já os tinha lido todos. Não, já devo ter lido o triplo. Se contarmos com os livros das bibliotecas e com os meus livros que ainda se passeiam pelas estantes da casa da minha mãe, então seriam muitos mais. Bom, talvez nem tantos, porque muitos deles são mesmo da minha mãe. É que ela também gosta e ler e não dispensa o prazer de os ver arrumadinhos por autores em ordem alfabética, os romances em cima, as enciclopédias geográficas em baixo junto aos belos livros de viagens que vem coleccionando desde há anos. Pelo meio, e porque as prateleiras são profundas, coloca molduras com os nossos retratos, porcelanas centenárias, ovos de avestruz e cabeças de pretos em madeiras mais ou menos preciosas.
Eu, como só tenho uma estante e além do mais tenho um filho pequeno que anda a treinar para ser explorador, não tenho tantas preciosidades. Os meus tesouros são menos preciosos, porque ainda não viajei tanto quanto a minha mãe, e porque têm de caber todos dentro de um saco, para se poderem mudar facilmente de uma casa para outra, que nós ainda somos novos e nómadas.
Isto para dizer que tenho muitos livros. Mas não tantos quanto gostaria. Ora porque ainda estou a ler outro, ora por outra razão qualquer, a verdade é que gostava de ter muitos mais. Imensos. Tropeçar neles quando acordasse, ter de afastar uma pilha de livros para chegar à torradeira, sentar o Biscoito num dicionário para chegar melhor à mesa e, máximo dos máximos, ter uma estante na casa de banho com livros dedicados ao bem-estar. Ultimamente tem-me acontecido algo parecido, mas por causa do Biscoito. desde que nasceu, que lhe ofereço livros. E brinquedos de madeira, mas isso é outra história. Para a idade dele ou não, ofereço-lhe todos os que posso. É que eu adoro livros infantis, de preferência com muitos desenhos bonitos e coloridos, que sejam agradáveis ao olhar e descomplicados. Muitas vezes, quando lhe estou a contar a tória antes de deitar, reparo que os olhos do Biscoito se passeiam com muita atenção pelos desenhos. E imagino-me criança, ao colo da vovó ou do papá a ouvir aventuras sem fim e a perder-me nos desenhos maravilhosos. A educadora do Biscoito diz que ele é o único que se senta sozinho a ler e a promessa de ouvir uma história garante-nos uma separação sem choros no infantário. É que eu adoro ler, e o meu filho adora ouvir, bem encostados um ao outro, numa cumplicidade que compensa um dia inteiro afastados. E que desculpa o tropeçar nos livros dele (e às vezes nos meus) pela manhã.

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