01/06/2009

Arranca Corações (3)


http://www.agualusa.info/

Faço minhas as palavras da Ana:
"Exijo, aos meus escritores, recato e clausura! Só assim poderei amá-los pelo que escrevem. De outra maneira, arriscam-se a ser apreciados pelo acessório. Eu explico com um exemplo concreto. O José Eduardo Agualusa esta semana deixou-se fotografar para a revista do expresso. As fotografias publicadas são a preto e branco, soturnas e envolventes. Fazem suspirar. Ora, eu não gosto particularmente dos livros que escreve. (...) No entanto, acho-o um homem muito bonito, moreno, o cabelo rebelde, os olhos pequenos e escuros, a pronúncia do lado de lá (o que eu gosto daquela voz que tem no timbre os entardeceres mornos do sul). "
O José Eduardo Agualusa faz-me suspirar. Hoje distraí-me com uma revista literária onde o Agualusa aparecia na capa. Senti-me corar. Página a página, ouvia a voz dele a falar sobre o próximo romance e eu perdida nos olhos dele, no cabelo, no nariz, na barba por fazer. Olhava-o ora sentado na biblioteca ora no sofá, em corpo inteiro ou em plano americano, sempre moreno, sempre o Agualusa que me invade os sonhos.
Não somos dois perfeitos estranhos, temos coisas em comum. Eu também tenho dois filhos e um sofá assim, eu também tive uma biblioteca assim antes de o cão a roer.
O cão roeu uma outra revista onde também entrevistavam o Agualusa que também aparecia na capa. Tive-a guardada durante anos e volta e meia fingia lê-la para às escondidas me deliciar com as fotografias dele.
O meu mundo parou noutro dia quando o vi num documentário que estava a ver. Nessa noite sonhei que o Agualusa me abraçava as ancas e eu afundava os meus dedos nos seus cabelos.
Não comprei a revista mas fui buscar os miúdos à escola com um sorriso parvo estampado no rosto.

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